Avanço da inteligência artificial desafia o ensino de Cultura Digital nas instituições

Com plataforma adequada, barreiras como infraestrutura e formação do corpo docente podem ser dribladas usando a própria tecnologia para simplificar o processo de ensino e aprendizagem

Por: Pedro Pereira

Publicado em: Educação em Pauta (Sinepe-RS)

A chegada do ChatGPT parece ter transformado o mundo. De fato, não se pode descartar que isso tenha acontecido, mas principalmente por um contexto um pouco mais amplo: a ferramenta é apenas uma das dezenas de plataformas que surgiram desde os primeiros meses de 2023. Se a inteligência artificial (IA) não chega a ser uma novidade, o mesmo não se pode dizer de seu uso indiscriminado pela população em geral.

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A popularização deste tipo de sistema acendeu uma série de alertas na sociedade. De publicidade que ressuscita figuras ilustres e provoca reflexões éticas, legais e morais, até o risco de profissões que há pouco tempo eram promissoras – caso dos programadores, cujos códigos já podem ser gerados por IA.

As mudanças pelas quais o mundo está prestes a passar com esta novidade – e outras que não param de surgir – desafiam as instituições de ensino. Em 2020, o Fórum Econômico Mundial já alertara que 85 milhões de empregos, em todo o mundo, seriam impactados pela automação e por uma nova divisão do trabalho entre homens e máquinas.

Tecnologia em sala de aula

É em meio a esse cenário efervescente que as escolas precisam incluir a Cultura Digital na Educação Básica. O texto que normatiza o ensino de computação foi publicado em outubro de 2022 e o prazo para que as escolas se adequassem foi estipulado em um ano. Um caminho sem volta.

“Dadas as devidas proporções, voltando ao passado, é como quando inventaram a calculadora. É um movimento que a gente não pode lutar contra, o jeito é se adaptar e ajustar os processos para tirar o maior proveito possível dessas tecnologias, sem perder o cerne, a base, que é a formação, a educação dos jovens”, entende o diretor de Inovação da ZOOM Education for Life, Anderson Harayashiki Moreira.

Segundo ele, essa adaptação não é simples, já que todo o ecossistema precisa ser alterado, impactando diretamente na formação dos professores. A atualização dos quadros docentes passa por metodologias que levam em consideração o uso da tecnologia, mas também mudanças mais profundas, como a introjeção do conceito de lifelong learning entre os profissionais.

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“O que a gente aprendeu sobre essas ferramentas de IA no ano passado, já está desatualizado para este ano. Cada dia vai aparecendo mais tecnologia para a gente usar. É uma mudança de mindset do professor, da pessoa responsável pelo processo de ensino e de aprendizagem, saber que precisa estar antenada”, aponta Moreira.

A comparação com tempos não tão distantes dá uma ideia de como a cultura digital atravessa, cada vez mais rápido, o modo como tudo é feito no dia a dia. “Quando eu estava na escola teve o advento da internet. Antes disso, para fazer trabalho de escola tinha que pegar uma Barsa e pesquisar. No começo, o professor dizia que não podia pegar texto da internet. E hoje, quem vai falar que existe a mínima possibilidade de fazer uma pesquisa sem utilizar a internet como referência bibliográfica? Eu encaro a inteligência artificial da mesma maneira: agora causa estranheza, mas em pouco tempo já vai ser algo natural”, ilustra Moreira.

Pensamento computacional

A cultura digital está tão presente na sociedade que quando se fala em aprender o pensamento computacional, pouco ou nada tem a ver com desenvolvimento de sistemas ou equipamentos. Trata-se de compreender como a máquina “pensa”, desmistificar o assunto e lançar mão da familiaridade das novas gerações com a tecnologia para aprimorar o desenvolvimento de conhecimentos e competências.

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“O jovem aprende a pensar como a máquina. Então ele primeiro decompõe o problema em várias partes, abstrai, separa o que é importante e, por fim, constrói um algoritmo, ou seja, uma sequência que deve seguir para resolver o problema. Depois, pode passar esse aprendizado para outras situações da vida e para todas as áreas do conhecimento. O estudante aprende a resolver problemas e que o erro faz parte do processo”, explica Solange Giardino, consultora da ZOOM Education for Life.

Jornada Z

É complicado, para os professores, lidarem com a tecnologia com a mesma naturalidade dos nativos digitais. Por isso, ganha cada vez mais importância o uso de plataformas que ajudem a trabalhar a cultura digital de forma imbricada com os conceitos e conteúdos da escola, além das competências a serem desenvolvidas. A resolução de problemas, apontada por Solange, é uma delas.

Jornada Z, desenvolvida pela ZOOM Education for Life, traz temas interdisciplinares abordados sob a ótica de diversas áreas do conhecimento, em especial as do chamado STEAM (da sigla em Inglês para ciência, tecnologia, engenharia, arte e matemática).

Tudo é feito por meio de metodologias ativas, com aprendizagem ancorada em projetos, partindo sempre de uma pergunta norteadora. “Os estudantes vão pesquisar, ver problemas que surgem, possibilidades e pensar em soluções por meio da tecnologia. Quando faço a tecnologia, tenho que pensar no protótipo, qual material vou usar, na programação e como vai atuar. É muito difícil a escola fazer isso sozinha porque precisa ter diversos componentes curriculares trabalhando juntos e com muitas expertises”, aponta Solange.

Utilizando a Jornada Z, o professor ganha um norte de como conduzir isso. Tudo apoiado no que está previsto na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e nas normas propostas pelo Ministério da Educação (MEC). A metodologia traz os subsídios para mobilizar os alunos e aplicar os conceitos de forma adequada, com presença muito forte de Ciências, mas pode ser desenvolvido por outros professores.

Todos os projetos contidos na Jornada Z estão vinculados aos 17 objetivos do desenvolvimento sustentável da agenda 2030 da Unesco. Pelo menos um deles está contido em cada atividade, analisando as metas específicas e pensando em soluções. Isso ajuda na conscientização dos estudantes – muitos dos que já estão em sala de aula vão concluir a Educação Básica depois de 2030, ou seja, a mudança do planeta passa muito por eles.

Como funciona

A Jornada Z é uma trilha progressiva que trabalha o desenvolvimento dos alunos de forma integral, aliando recursos tecnológicos e o pensamento computacional para implementar a cultura digital. A partir disso, contribui para toda a construção de conhecimento, por meio de resolução de problemas e aprendizagem por projetos, em todos os conteúdos escolares.

Para levar isso até as instituições, a ZOOM Education for Life capacita profissionais espalhados pelo Brasil, que são mantidos constantemente atualizados. São eles que dão suporte para a implementação da plataforma. Outra modalidade prevê a presença de um especialista da empresa dentro da instituição parceira, que também pode investir em um Laboratório Maker.

A montagem desses espaços fica a cargo da ZOOM, que deixa tudo pronto, com os melhores equipamentos e ferramentas, além de uma pessoa treinada para operacionalizar. Esse facilitador, que vai operar o laboratório maker, pode ser alguém designado pela escola ou levado pela própria ZOOM.

Sempre que há qualquer dúvida, o especialista da empresa na respectiva região está sempre disponível para tirar dúvidas. “O material recebido é de fácil compreensão, mas é sempre bom ter um apoio, dando uma segurança enorme”, ressalta Solange.

Pilares da metodologia ZOOM

O estudante como protagonista na construção do conhecimento e na transformação que fará no mundo.

  • Metodologias ativas
    • Maker
    • Steam
    • Aprendizado por projetos
  • Tecnologia
    • Robótica
    • Fabricação Digital
    • Pensamento Computacional
  • Habilidades e Competências
    • Comunicativas
    • Cognitivas
    • Socioemocionais