O que os adultos podem aprender com as crianças sobre criatividade

Será que existe uma receita para ser mais criativo? Inicialmente, você pode pensar que não, “criatividade é algo que nasce com a gente, ou temos ou não temos”, ainda assim, nós te diríamos que você está apenas parcialmente incorreto.  

De fato, a criatividade é algo que nasce conosco, mas está longe de ser um dom ou restrita a pessoas especiais, artistas ou inventores. Trata-se de uma habilidade inata da espécie humana: a imaginação. A palavra deriva do latim “imaginari”, com raízes fortes em outras duas palavras-chave, “imago” (imagem) e “imitari” (fazer semelhante). Algo que quando crianças, fazemos de olhos fechados. 

Quando nasce, a criança tem a motivação intrínseca de brincar, imaginar e combinar coisas de universos diferentes – ela é questionadora, curiosa e exploradora. Essas são capacidades naturais da humanidade que motivaram desde a saída da caverna até a ida à Lua, com tantas outras invenções no meio do caminho e que continuam assim. Então, o que aconteceu? 

As crianças de ontem, os adultos de hoje 

Tornar-se adulto, muitas vezes, é se ver imerso a uma rotina repleta de padrões, criados por nós mesmos, pelas instituições e pela sociedade para poupar energia e progredir. Isso não é de todo ruim, mas é importante ficar atento para não cair em uma linha de reprodução em série, o “ser adulto demais”. E é aqui que a criatividade brilha. 

As crianças são especialistas em combinações inusitadas e testes, mas não têm insights o suficiente ou a habilidade de avaliar seus resultados. Os adultos, por outro lado, os têm, mas perderam a expertise em combinar de forma diferente e de se expor. Unir essas duas mentalidades é o começo da jornada para ser mais criativo. 

Você não precisa entrar em uma caixa de papelão e transformá-la em um foguete para viajar ao espaço – ou mesmo em uma máquina do tempo para levá-lo de volta àquela época em que tudo parece tão mais simples. Mas que tal ajustar as lentes pelas quais você observa a realidade? Ajustar as configurações do olhar, com mais curiosidade e questionamento, é fundamental para sair da zona de estagnação e explorar o inusitado. 

Os mitos da criatividade 

Embora a criatividade não seja um dom e não esteja restrita a artistas, ela não vem ao acaso: como toda habilidade, ela é desenvolvida por meio de estudo e treino. O sociólogo e psicólogo inglês Graham Wallas afirma que existem quatro fases para o surgimento de uma ideia, caracterizando o processo criativo. Veja abaixo: 

  • Preparação: repertório e pesquisa a respeito de um assunto
  • Incubação: distanciamento do problema, tempo que a ideia leva para ser formulada dentro da mente, por meio de combinações inconscientes
  • Iluminação: quando a combinação é revelada à consciência 
  • Verificação: validação da combinação, testes para testar se a ideia é boa

Toda solução criativa deriva de algum lugar, isto é, de referências. Quanto mais quantidade e diversidade de repertório (insights) você tiver, mais poderosas e únicas serão suas combinações. Para isso, é preciso ter a mente aberta, utilizar o famoso “e se…?” como um gatilho de possibilidades para encontrar soluções. Ser criativo, então, é despertar uma habilidade inata, por meio de treino e estudo, para resolver problemas. 

Observe que isso não quer dizer, necessariamente, inovar. Para isso, voltamos à origem da palavra: criatividade deriva do latim “creare”, que significa “criar”, “produzir”, conceitos muito mais atrelados à “realização” do que a “inovação” propriamente dita. O mundo está mudando com muita agilidade, as soluções antigas não resolvem os novos problemas, por isso, explorar novas possibilidades é caminhar para o progresso. 

O educador criativo 

Atrair e manter a intenção da turma pode ser uma tarefa desafiadora, além da preocupação em formar estudantes que consigam resolver problemas por conta própria. Pensar de forma criativa vai além de ter picos de imaginação, por isso, é importante incluir na rotina algumas doses de estímulos para sair do modo paisagem e exercitar o cérebro a “olhar além do que vê”. 

Para ajudar você a iniciar sua jornada criativa, a ZOOM indica sete dicas para você potencializar a sua criatividade no dia a dia: 

  • Não se contente com a primeira alternativa que surgir;
  • Diversifique seu repertório com novas experiências;
  • Experimente fazer algo que você já conhece de uma forma diferente;
  • Vivencie tudo o que o mundo pode oferecer;
  • Aceite correr alguns riscos: não tenha medo de errar;
  • Coloque suas ideias no papel, o importante é começar;
  • Não esqueça de se divertir! 

Ainda que suas ideias não deem certo no começo, não desanime: somos estimulados pelas nossas experiências, coloque a mão na massa e aprenda fazendo. Não se esqueça que nascemos criativos e desaprendemos a ser, basta buscar a resposta dentro de si mesmo. O que a criança que você já foi acharia do adulto que você se tornou?