Como integrar alunos com superdotação e habilidades especiais?

Todos nós já precisamos ou ainda precisaremos ser incluídos e, depois, integrados. Seja no ambiente acadêmico (troca de escola, faculdade), local de trabalho (mudança de cargo, emprego novo, entrada de um novo colaborador na empresa), círculo social (início de uma nova amizade), chegada de um novo membro da família (nascimento ou adoção de uma criança) dentre outros exemplos. A inclusão faz parte da nossa vida. Incluir é estar em um ambiente. Integrar é fazer parte, pertencer.

Quando a pauta é inclusão e integração no ambiente escolar não há uma receita pronta e uma fórmula que funcione para todos os alunos. São vários fatores que devem ser considerados, por exemplo: a idade, série escolar, perfil da família, características do aluno, se há um acompanhamento terapêutico ou não. A família precisa sentir segurança na escola e ambas estabelecerem uma via de diálogo aberto.

E o estudante com altas habilidades ou superdotação? Como incluí-los e integrá-los na escola? O primeiro passo é ter a consciência de que é um processo único e personalizado. Muitas vezes será necessário “recalcular a rota” a fim de proporcionar um ambiente seguro e que estimule as potencialidades do aluno.

Para isso o estudo torna-se um fator primordial. Conhecer as características do indivíduo com altas habilidades ou superdotação sendo essencial seguir por dois caminhos: literatura dos estudos científicos e conhecimentos das leis e políticas da educação inclusiva.

Em 2008 o MEC publicou a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva.

Documento que estabelece diretrizes com o intuito de fornecer subsídios para a criação de políticas públicas e pedagógicas no contexto escolar. Segundo o documento: “Estudantes com altas habilidades/superdotação demonstram potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes, além de apresentar grande criatividade, envolvimento na aprendizagem e realização de tarefas em áreas de seu interesse.”

Em 2020 é criada a Política Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida (PNEE).

Interessante observar que o PNEE amplia a discussão sobre como a educação especial deve acontecer: equitativa e ao longo da vida. No contexto analisado o ser equitativo não diz respeito a ser igualitário, mas sim atender as diferentes necessidades dos estudantes dentro da escola. Seja oferecendo atividades extracurriculares tanto para potencializar suas habilidades quanto para estimular as áreas de menor interesse.

Ter um estudante com altas habilidades ou superdotação na escola não significa que estamos diante de um “gênio” que tudo sabe e não tem nada a aprender. Mas sim que temos um sujeito que aprende e processa informações de uma forma diferente. É entender que o aluno pode apresentar um baixo rendimento, não se engajar nas atividades justamente porque não está motivado para tal. Isso acontece com todos os estudantes?

Não! Dessa forma, uma iniciativa que pode prevenir a possível “falta de interesse” é a aprendizagem de técnicas de estudos. Muitos estudantes conseguem ter um excelente desempenho acadêmico mesmo sem “estudar”, no entanto, mais tarde, pode haver um declínio do desempenho justamente pela inabilidade de estudo.

Ao perceber alguma dificuldade do estudante é importante levar em conta que esse pode não se sentir engajado e/ou motivado com as atividades desenvolvidas na escola. Vale lembrar que o desenvolvimento de habilidades socioemocionais é tão importante quanto as acadêmicas e deve perpassar toda a trajetória de vida do indivíduo visto que esse público pode apresentar certa intensidade emocional. O processamento rápido das informações também acontece ao processarem as emoções com uma intensidade maior. Infelizmente, essa intensidade das emoções pode ser interpretada, equivocadamente, como uma birra, enfrentamento, mau humor; por exemplo. Essas pessoas são mais sensíveis às mudanças ambientais. Um caminho para auxiliar nesse processo de reconhecimento das emoções e como lidar com elas é o autoconhecimento.

Analisando tudo que envolve um indivíduo com Altas Habilidades ou Superdotação e, inclusive, visando desmistificar e conscientizar cada vez mais, algumas iniciativas surgiram ao longo dos anos. À saber: Conselho Brasileiro para Superdotação – ConBraSD (2003), Núcleos de Atividades para Altas Habilidades/Superdotação – NAAH/S (2005) e a Associação Paulista para Altas Habilidades/superdotação (2005); por exemplo. Essas ações abriram caminho para tantas outras que surgiram.

Atualmente, com o advento das redes sociais cumprindo várias funções, inclusive a de dar voz às diferentes causas, algumas páginas, sobretudo do Instagram, objetivam informar, conscientizar e propor alternativas no intuito de oferecer suporte para as famílias, escolas e pessoas com Altas Habilidades e Superdotação. Alguns exemplos são: Dan psicólogo (@danpsicologo), Vivendo a Superdotação (@vivendoasuperdotacao), Dra Olzeni Ribeiro (@dra.olzeniribeiro), Claudia Hakim (@claudia_hakim), Socorro Santos (@asocorrosantos). As páginas citadas apresentam tanto possibilidades de caminhos no campo pedagógico, suporte emocional quanto a perspectiva jurídica no tocante aos direitos desse público. A busca pela equidade deve ser constante.

O ser humano é diverso bem como as suas relações interpessoais. Acolher o indivíduo e sua história. Incluí-lo nos diversos ambientes e auxiliando-o para que ele se sinta parte daquele todo. Acima de tudo: respeito. Respeito às particularidades, à diversidade de pessoas. Vamos construir pontes para nos unirmos. Não construamos muros, eles nos dividem. A escola precisa ser um lugar de muitas pontes para conectar todas as pessoas e suas individualidades.